Friday, 11 July 2008

As derradeiras palavras e a foto oficial...

A foto oficial

Gilinho em Liverpool

foto de Miléne



O último Post

Já estou em Portugal fazem duas semanas amanhã, o erasmus está definitivamente encerrado e como tal este blogue fica automaticamente encerrado. Vou deixá-lo mais uns tempos por aqui, até acabar de tirar tudo e em papel tudo meter, depois vou encerra-lo porque não tem sentido ficar por aqui.

Todas as palavras estão ditas, agora nada mais a dizer, o regresso a Portugal tão esperado e já cansado, tempo de pensar no próximo projecto, descobrir novas coisas, sei apenas que cá não posso ficar. Além de não ser de minha natureza, demasiados factores não me deixam cá ficar, seria um entrar em coisas que não quero, seria ficar a pensar em demasia.

Foi um ano fantástico, uma experiência que definitivamente recomendo a toda a gente, uma aventura sem precedentes na vida de qualquer um. Tempo de outras agora.

Obrigado a todos pelos comentários que foram deixando, àqueles que mesmo não comentando foram por cá passando, afinal sem a leitura de ninguém este blogue não tinha nenhum sentido e espero sinceramente que tenham gostado do que para aqui fui escrevendo, mesmo que tenham sido atrofios ou melancolias, este blogue descreve como é um ano assim, o bom e o mau por isso acho que cumpre os objectivos dele mesmo.

Intés, vou-me que a hora faz-se tarde.

Tuesday, 8 July 2008

As minhas última palavras em solo Britânico

05h45m 28/06/08

Aeroporto John Lennon – Liverpool

A sete de Setembro de 2007, saí de um comboio ao fim da manhã na Estação de Liverpool em Londres. Saio da estação carregado de malas, esperanças, sonhos e euforias por tudo o que começava. Lembro-me de ter comprado um café que não se deu a tal nome, de me sentar nos degraus de uma pequena escadaria ai ao lado e de acender um cigarro enquanto à minha frente dois putos competiam na guerra do quem berra mais alto. No fim de tudo, lembro-me de pensar:
- Estou em Londres, começou o meu erasmus.

Estava sozinho, preparado para tudo e cheio de tudo para a etapa que tinha começado. A primeira fase foi uma incrível semana em Londres que apesar de sozinho fartei-me de encontrar gentes de espírito comum.
Essa semana foi de euforias puras, gentes novas, cidade diferente, cheiros e sabores estranhos, vistas novas e até sentimentos de viagem que me eram estranhos. Foi uma semana de conhecer gentes, conhecer sítios, conhecer Londres que mesmo depois de todas as incansáveis visitas, mostrou-se como a cidade em que tudo ainda faltava descobrir. Conheci o novo mundo e ao fim ao cabo, um novo eu, só ali na primeira semana de todo um ano,
Hoje mesmo, sem cerveja a fazer vezes de café ou mesmo de pequeno almoço, a situação reverte-se. Tudo diferente, a hora não é de cumprimentos mas sim de despedidas, não de euforias mas sim de melancolia, não de novidade mas de monotonia. Esta última semana foi comigo novamente só, igual àquela lá longe dita de primeira. Foi a minha última semana erasmus, oposta à primeira, sem festas, sem gentes, sem vontades, sem nada que não fosse as minhas próprias recordações. Esta última semana, tal como a primeira é especial, duas semanas significando o começo e a finda de um tal ciclo quase perfeito.
Um ano passado com tantas passagens por ele passadas, um ano completamente diferente em tudo, de outros ou outras, feito de tristezas e alegrias, perdas insubstituíveis depois de ter insubstituíveis ganhos, demasiados fluxos de demasiadas coisas que afinal deixou de ser sangue o que me escorre pelas veias.
Ao dar-me aqui a pensar sobre isso, acabo por não saber o que pensar, como me sentir. Quanta diferença do antes e do depois, os amigos que ganhei, a namorada que perdi, os conhecimentos humanos que descobri, as loucuras que cometi, o que mostrei, o que dei, mas mais, muito mais o sentido de tudo – o que recebi – o que sou eu afinal.
Tenho umas derradeiras três libras esterlinas na carteira, o dinheiro que faz sentido pró aqui, como se fizesse sentido em algum lado. Libras essas que deram para uma última pint, Guinness como manda a tradição e por saber que daquelas Guinness só mesmo por aquelas bandas encontro, a derradeira cerveja da despedida, a derradeira pint de despedida.
Durante esta última semana, aos poucos me fui apercebendo de que estaria prestes a partir, a grandiosidade deste ano e a minha pequenez em relação a tudo e a mim próprio. Acabava sempre em pensar nas saudades do lá longe Portugal e a tudo a que isso me refere. Agora, apesar de tudo, impossível conter uma enorme emoção, os olhos chegam a brilhar e uma lágrima tímida, escorre-me pela cara, puxada pela gravidade, arrancada de mim – significa tudo numa pequena gota, um ano numa gota.
É-me, ou será mesmo a qualquer um, impossível tentar sequer descrever algo de tamanha grandeza, não sou eu mais, apesar de o sentir ser, continuo igual a mim mesmo, os sentimento por tudo e por todos iguais e maiores, mais ainda marcados e demarcados por uma distância desesperada por vezes.
Nunca deixei aqueles sentimentos de parte, obrigo-me a isso mesmo e instável que o sou agora não deixa de ser estável. A amizade de amigos nunca esquecida e sentida mais forte. A família, no fim dita vem no princípio de tudo como o mais importante sentimento. Com o significado que finalmente vou percebendo no completo conjunto que é este o da essência de uma pessoa. Dou tudo o que ela merece, por ser o mais importante sem dúvida alguma afinal.
Eu, mais lamechas, mais sentimental, feito de coisas interiores que hoje não tenho fundo senão o meu exterior. Eu, diferente acreditem que vos rogo a isso, algo fez clique por aqui dentro com toda esta revolução em prol da liberdade, acabada a ditadura do meu eu, não serei o mesmo senão eu próprio nada mostrado, arrogante por isso mesmo. Eu, os amigos que deixo para trás, a tristeza feita esperança de os voltar a encontrar e promessa para serem cumpridas na certa.
Esta meia dúzia de palavras fazem-se malandras, pedem o descanso que nunca lhes dei na minha filosofia das coisas que não são mais do que as minhas várias cabeças.
Aqui, ao invés da estação de Liverpool onde tudo começou mas sim no aeroporto de Liverpool onde tudo acaba, deixo as minhas últimas e derradeiras palavras, a minha despedida do primeiro ano do resto da minha vida, a aventura vai a meio, já começou, está de férias agora e em breve será retomada.

Na língua que aprendia a gostar e aos poucos acabei por melhorar deixo a minha despedida.

Love you all my erasmus friends, see you soon!

Gil Bastos, transformado em Gilinho.

Thursday, 26 June 2008

Aos meus amigos Eramus, na minha despedia.

Hoje fica o dia conhecido como aquele que deu lugar à minha última noite em Sheffield. Oficialmente não a minha última noite erasmus porque a noite de amanhã espera-se aborrecida feita em esperas e desesperos algures num recanto do aeroporto de Liverpool.
A tarde do dia de hoje, vinte e seis do mês de Junho de dois mil e oito, foi feita em fazer malas cheia de memórias, amigos, recordações de pequenos momentos, grandes momentos ou apenas feitos momentos diferentes que foram todos aqueles deste ano.
A banda sonora escolhida para o efeito, dito como acompanhamento de tristes sentimentos já feitos saudade só a relembrar todas as coisas que foi este mesmo ano, foi de uma banda portuguesa: Xutos & Pontapés bem ao meu estilo. O grupo de músicas foi aquele chamado de “Sei onde tu estás”. Todas as músicas acabam por descrever algum momento deste erasmus. Por isso mesmo, estas minhas últimas palavras na cama que se tornou escritório, confessionário, cinema, entretimento e por vezes mesmo isolamento são a partir de cada música, de cada momento que no final foi este meu ano fora de Portugal.
Cada coisa que metia na mala, era correspondida por um pensamento, uma memória do que foi este ano, uma palavra mais amiga, uma conversa mais animada, uma noite mais louca, uma aula mais aborrecida, uma pessoa mais irritante, mais um amigo, mais tudo o que fez deste ano um dos melhores e que mais vou recordar pela vida fora.
Seria impossível em breves palavras descrever todos os sentimentos que me atravessaram ou mesmo que me atravessam agora mesmo. Seria impossível descrever um ano deste nível, seria impossível descrever cada conversa, cada momento, cada pessoa que se atravessou pela minha frente. As horas de monotonia, as horas de euforia, as horas de estudo, as horas de diversão, as viagens, as paisagens, as vistas e as gentes, os diferentes povos e a conjugação destes num pais que de tudo tem diferente e em que todos acabam por ser iguais com as suas diferenças. Desde a Europa do Norte à Europa do Sul, da Europa Oeste à Este, da África ao Médio Oriente, da Ásia à América, do Sul ou do Norte, desde ilhas perdidas no meio do Atlântico geladas, ao pais do Sol Nascente, desde guerras a paz indiferente, de toda a parte do mundo vi pessoas, conversei com pessoas, conheci pessoas, mas acima de tudo fiz amigos, uns mais especiais do que outros é certo mas todos amigos, sem diferenças. As cores ficam de lado, religiões não fazem sentido, línguas existe uma, nacionalidades muitas e feita uma, somos ao fim ao cabo estudantes internacionais, encontrados por ironia do destino e esperanças em comum. Somos estudantes, apenas e só isso, com todas as diferenças que nos caracterizam mas acima de tudo com um comum, simples e de todos. Quando usado o inglês entres nós, existe uma língua comum em que todos somos cidadãos de um mundo incompreensível por muitos de nós e entendido por singularidades que deixam de existir. As conversas com Ahmed sobre a Arábia Saudita, os pontos favoráveis e desfavoráveis de tal País, um como os outros, diferente e por vezes sem sentido, mas afinal que País fará mesmo sentido? Uns Estados Unidos que criam guerra por todo o mundo? Uma Europa que se abstém e com o seu silêncio concorda em guerras desonestas e mercenárias? Que País fará sentido neste mundo senão aquele em que todos poderemos ser iguais, um País imaginário por certo que tal seria o sonho de qualquer pessoa. Uma África pobre, destruída e ambicionada por nós “Os Civilizados”, em que só filhos de chefes de estado ou mercenários de empresas carnívoras cedentas dos seus próprios trabalhadores, podem estudar com o significado verdadeiro de tal palavra. Ou então uma China tida como poderosa e em que os seus se destroem para a construção do grande império chinês. Em que mais uma vez apenas poucos e privilegiados estudantes se dão a tal beneficio. Que mundo é este afinal que deixei de compreender faz muito, em que eu próprio faço parte dessa máquina que é a verdadeira bomba nuclear que vai destruindo o mundo. Acabei por conhecer todas essas frentes apenas aqui, longe de tudo e sem ter real conhecimento da profundidade da questão, no meio de privilegiados como eu mesmo, histórias verdadeiras e no entanto tão longe. Tudo isto ultrapassa-me completamente e sem dúvida me modificou, de uma maneira em que eu próprio ainda não tenho noção mas que o meu futuro vai alterar de verdade, não apenas em teorias mas em práticas que serão não muito longínquas.
Um mundo que deixei compreender faz tempo mas que conheço um pouco mais já faz tempo.
Hoje é dia de despedidas, da minha, aqui sozinho que todos outros já tiveram a sua. Tempo de introspectivas e reflexões no que afinal significou todo este ano, tempo de recordar tudo o que foi este ano. Sem pensar em loucuras ou borgas mais desavindas, pensar no seu verdadeiro significado que é afinal nada mais do que o meu próprio entendimento, feito agora tempo de conhecidas mais frentes do meu conhecimento, encontro-me assim perdido, com vontade de Portugal e ganas de fugir dele mesmo, escapar-me de toda uma hipocrisia e pessimismo que é esse povo já falado por muitos. De um País que se pensa pobre, desprotegido e ao abandono de líderes tidos como menos dignos quando na verdade somos um dos muito poucos tocados pela sorte de sermos um dos melhores países do mundo, com pontos negativos de certo mas com os pontos positivos a baterem em larga escala os negativos. Já vinha com pensamentos deste género, mas sem dúvida que a distância os marcou e despontou verdadeiramente. Somos pequeninos mas grandes, muito grandes mesmo e todo o pessimismo latente em cada mente dá-me vontade de gritos, berros e palavras menos simpáticas, ao invés de se gritar pela felicidade que é o pequeno rectângulo, todos nós berramos a triste sorte calhada, sem saber sequer o significado dessa sorte. Sei que eu mesmo ainda procuro esse significado e por isso mesmo a viagem não acaba aqui mas apenas atinge uma fase. A próxima será radical, de um turn off total, em que eu me consiga descobrir num corpo que é o meu mas mais numa mente que desfruto. Será a minha missão, dedicada a mim mesmo, que isso acabe num despoletar de conhecimento e que esta seja não a missão prática da minha vida mas sim a teórica e por isso mesmo a que mais faça mais sentido, tida como prática durante e no final dessa.
Tudo isto podem vocês pensar nada ter a ver com esta despedida, mas isto no afinal de tudo acaba por não ser uma despedida mas sim um intervalo da rota traçada. E que por isso mesmo faça todo o sentido falar disso agora, a certeza invadiu-me por completo depois deste ano, os olhos mais abertos e a mente mais recheada.
Tudo isso tenho que agradecer apenas e exclusivamente a todas e singularmente a cada pessoa que conheci aqui que não são nada mais do que a razão desta vinda. Esqueçam lugares, esqueçam momentos, esqueçam tudo o que não seja cada amigo que aqui fiz, que foram sem dúvida alguma, a verdadeira descoberta.
Por ordem aleatória nomeio assim os principais intervenientes, em jeito de homenagem a aqueles que verdadeiramente são a razão de um Erasmus existir.
Ao Menk, da suíça pelas loucuras em comum, assim como ao Pascal que se enamorou por cá, ambos Suíços. Ao Stefano de Veneza da Italiana, pela música de um ano e as músicas de todos os dias, enroladas em momentos únicos. Ao Victor, Catalão do País Espanha, pelas conversas, disciplina, amizade e o tradicional caminhar espanhol em momentos de alcoolemia, sem esquecer as putas que vimos dançar em varões. Ao Ivan, pela descoberta de um leste diferente, em que realmente se descobre uma nova Ucrânia, nunca sem deixar de ser ele mesmo um típico Ucraniano. Ao Fatih pela mostra da Turquia em diferentes caminhos mas com diferentes opiniões e à sua mostra de opinião. Ao Ahmed pelas longas conversas feitas num sussurrar em que descobri uma Arábia diferente e como avaliar camelos. Ao Tobi pela mostra do nacionalismo Alemão feito de forma justa e sem exageros, exactamente como deve ser feito, pelo lado positivo, sempre. Ao Michael pela mostra de uma Suécia típica, sem surpresas e apenas com a única surpresa de um nórdico poder ter ares de Sul. À Emilie pela descoberta de um judaísmo diferente e ainda com exageros e pelo testemunho pessoal do que é ser descendente de uma guerra sem precedentes. À Niina pela mostra de uma Finlândia ao seu estilo, cheia de estilo e com cabeça no sítio, pelo mesmo digo à Ira Maria Serina. À Lina pela confirmação da Suécia, país de mulheres belas com esta a ter a particularidade de ser uma excelente conversa. À Delphine pela continuação da mostra de uma França diferente bem ao seu estilo e pela amizade que ficará para sempre. À Elena pelo calor espanhol que espalhou por todo ano e pelas loucuras típicas espanholas e quase portuguesas, mais um virada ao mediterrâneo que fica com recordações de grandes momentos de festa. À Charitini pela começo de uma amizade que infelizmente parou no tempo mas que deu para conhecer uma Grécia que não Atenas mas sim história, ainda mais. À pequenita Nuria que de todos era a mais portuguesa, pela proximidade, pela língua e pelo espírito galego seu tradicional. À Lydia que alemã deixava de o ser para ser de todas as nacionalidades, outra grande companhia de momentos mais pensativos ou festas mais malucas. À Pérrine que com o Pascal se tornou num casal de amigos e até ver o mais teimoso de todos, pelas conversas do segundo semestre e as saudades em comum de pessoas de sentimentos comuns. Ao Pedro um espanhol de natureza, acabou por ser aquele com mais pontos em comum de um Português típico como eu. À Johanna por ser mais uma alemã que deu de tudo mostra excepto de serem o tal povo frio de que se fala. À Jonina por ser a única vinda dos States que conseguiu ser de alguma forma inteligente e com carácter. À Joana por ser uma das duas isoladas companhias com a minha língua materna e por tudo o que isso naturalmente significa, nunca antes senti tamanha falta de falar o português. Ao Pedro pelas mesmas razões e que tomates teve para se lançar para aqui e estudar assim num País completamente diferente.
A todos estes, a todos os outros, a todos os que ficaram por mencionar, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para este ano especial, o meu Obrigado pela Amizade que espero não ficar esquecida e muito menos guardada algures na memória. Que o encontro seja em breve e que tudo seja sempre lembrado como o excelente Erasmus Sheffield 2007.
Esquecem-me as palavras por tamanha Saudade já sentida, a derradeira despedida deste blogue ficará para amanhã numa longa noite.

Thursday, 19 June 2008

Dia vinte do Junhol, feito ano dois mil e oito.

Hoje poderia ser um dia como qualquer um, por ser dia deixa de ser exactamente como qualquer outro. Diferente, como sempre.
O dia começou o Sol ia já a fugir, para algum lado que não do meu conhecimento. Não interessa na verdade, foi um dia apenas. Caminhada até ao tal laboratório que se transformou em prisão ultimamente. Efeitos secundários diriam alguns. Efeitos alguns diria de forma secundária, na verdade, não interessa de facto.
O tal nano-laboratório, feito de nano instrumentos, coisas nano que assim me deixam, pequenino, quase nano. Estranha escala esta. Andei por lá, no corte de vidros quase cerâmicos, tudo menos transparentes mas sem deixarem de ser qualificados como vidros. O meu, o tal com prata lá no meio, quase precioso que tantos problemas vai dando, quase analisado, quase quebrado pela força de o forçar a quebrar no resultado final que tarda a chegar. Foi um tal digitalizar de coisas, primeiras imagens como manda o tutor que tem de Moebus alguma coisa e de doutor ainda mais, não o meu estilo. Ida a casa que se fazia hora de janta, não em horário português mas sim a tocar o fuso horário inglês. Cedo assim demasiado para se fazer sequer hora de tal ritual. Mais ainda, não interessa. Caminhada de volta a centros não planetários mas apenas citadinos, procura do lugar onde iria deixar emoções e eis que os vermelhos começam a chutar a bola contra os loiros ou louros que não interessa. No fim ao cabo, acabaram os tais loiros a ficar com os louros que nos cabiam a nós. Errata assim seria a do jogo, apenas aquela que foi a nossa que lhes demos os nossos louros. Os couros dei eu, mais do que uma vez, em sofrimento de palavrões e caralhadas. Nervos em flor, em superfícies mais do que epidérmicas, a transbordar em suores que fizeram incomodar muitas gentes. Acabou-se tudo, o jogo, a emoção e o europeu. Sozinho como festejei muitas vezes, deixei-me estar em tristezas a tocar inutilidades.
O convite seguinte que me fiz forçar a aceitar era de um jantar com restos de memórias de uma cidade e gentes. Feito à base de verduras, carnes pelo meio e peixe à mistura. Um batido total de tudo que este ano deu, a chegar a tocar num clímax que foi o jantar feito de histórias mal contadas com memórias mal recordadas. Fez-se tudo com o jantar, que foi mesmo feito de tudo. Era eu e quatro da França que tanto dou treino. Foi jantar feito de palavras mas que chegou a ter comida. A cerveja mentia ao espírito que esse mesmo era regado de lágrimas notórias de memórias e feitas de Saudade. Esqueceu-se tudo e teve-se um momento último, de satisfação, de amizade, de conversa simples e inocente. A música parou para dar lugar ao filme, a uma história famosa, lamechas e tudo de entretenimento. Foi feita de danças e músicas em alegria e assim por ai ficou.
Acabo agora aqui em casa com cigarros quase românticos de serem feitos por tabaco puro, sem filtro, com papel e as mãos de cheiro entranhado. Como ontem acabo a sonhar, ontem escrevi o meu sonho em palavras com todo o sentido que eu mesmo chego a ter. Hoje, sem sentido algum sobre aquilo que me digo, tocado apenas pelo sintoma das fermentações, não sóbrio, não bêbado mas resignado ao destino que sou eu mesmo dentro de mim próprio e de tal arrogância de palavras, fico aqui, acabando com o mesmo sentimento de ontem e sem as mesmas palavras de algum dia. Apenas a vontade de dia vinte e oito e uma coisa de memória dita feita em desespero próprio que sou eu mesmo, assim sem nada.
Hora de ir a algures que é aquele lugar entre o sonho e a imaginação, que não sonho pois a hora é de dormir e todos os meus sonhos crescem despertos, que imaginação sim que imagino almofadas que não azuis e fofas, mas sim nuas e poderosas.
Vou-me que se faz tarde na minha hora nunca chegada.

Tuesday, 17 June 2008

Uma música, e das potentes!

Guns N' Roses - Civil War

Live in Chicago

Composição: W. Axl Rose / Izzy Stradlin

"what we've got here is failure to communicate
some men you just can't reach...
so, you get what we had here last week
which is the way he wants it!
well, he gets it!
n' i don't like it any more than you men."

look at your young men fighting
look at your women crying
look at your young men dying
the way they've always done before

look at the hate we're breeding
look at the fear we're feeding
look at the lives we're leading
the way we've always done before

my hands are tied
the billions shift from side to side
and the wars go on with brainwashed pride
for the love of god and human rights
and all these things are swept aside
by bloody hands time can't deny
and are washed away by your genocide
and history hides the lies of our civil wars

d'you wear a black armband
when they shot the man
who said "peace could last forever"
and in my first memories
they shot kennedy
an i went numb when i learned to see
so i never fell for vietnam
we got the wall of d.c. to remind us all
that you can't trust freedom
when it's not in your hands
when everybody's fightin'
for their promised land

and
i don't need your civil war
it feeds the rich while it buries the poor
your power hungry sellin' soldiers
in a human grocery store
ain't that fresh
i don't need your civil war

look at the shoes you're filling
look at the blood we're spilling
look at the world we're killing
the way we've always done before
look in the doubt we've wallowed
look at the leaders we've followed
look at the lies we've swallowed
and i don't want to hear no more

my hands are tied
for all i've seen has changed my mind
but still the wars go on as the years go by
with no love of god or human rights
'cause all these dreams are swept aside
by bloody hands of the hypnotized
who carry the cross of homicide
and history bears the scars of our civil wars

"we practice selective annihilation of mayors
and government officials
for example to create a vacuum
then we fill that vacuum
as popular war advances
peace is closer"

i don't need your civil war
it feeds the rich while it buries the poor
your power hungry sellin' soldiers
in a human grocery store
ain't that fresh
and i don't need your civil war
i don't need your civil war
i don't need your civil war
your power hungry sellin' soldiers
in a human grocery store
ain't that fresh
i don't need your civil war
i don't need one more war

i don't need one more war
whaz so civil 'bout war anyway


Monday, 16 June 2008

Mazelas..

Porque o Karioka pediu e já agora para ficar aqui registado, aqui ficam as mazelas da noite de sexta. Isto são passados dois dias por isso está bem melhor. Continua apenas a cor e um pequeno inchaço.

Desculpem lá o cabelo estilo manjerico mas sabe como é, apenas Paulo Jorge cabeleireiros tem autorização para a sua modificação.

Sunday, 15 June 2008

Curto manifesto do enamoro.

Eu continuo enamorado, completamente e com a certeza disso mesmo. Não quero esquecer isso, todos os dias reconheço isso e faço para que tal não mude. Simplesmente não me imagino sem que esse sentimento não faça parte de mim. Desafio todos e todas a provarem-me o contrário e a quererem o meu recuo. Encontrei uma coisa que de demasiado bela não quero perder e que mesmo que perca estará comigo. Digo de minha verdade que tive os melhores momentos neste estado e se o vou voltar a ter não o sei. Sei das certezas de que sou eu feito e que esta é uma das grandes que me faz. Falo disto com naturalidade pois é esta mesma naturalidade que me faz sentir assim. Sou o que sou, agora mesmo e nos próximos futuros graças ao que de tudo me trouxe este sentimento. Isto poderia ser como uma manifesto a quem me assim me deixa mas não é mais do que um manifesto a mim próprio que me dou no direito de assim sentir. Sei o que sinto com certeza e não aceito que me digam o contrário, pois só eu mesmo na minha eterna arrogância sei saber verdadeiramente o que isto tudo me dá. O que me dará não sei, o que darei em troca será sempre isto mesmo que sou eu próprio inserido nesta coisa a que chamam "O Sentir". Fácil ou não, doloroso ou menos doloroso, alegre ou menos alegre, com esperanças ou sem esperanças. Por mais estados de espirito que tudo isto me possa levar eu afirmo que por isto continuo afim.
Errado estarei ou errado não estarei, digam-me a mim que mais certo do que isto não pode existir. Eu sei que não.
Ponto.

A beleza das palavras...

António Lobo Antunes

Foto de José Carlos Carvalho

Dizem sobre a beleza.

Dizem muito sobre a beleza, chamam-lhe nomes, dão-lhe rostos, dedica-se a pessoas, falam-lhe dos belos cabelos, dos lábios e da vontade, vontade de lhes mergulhar a beleza. Dos peitos redondos e maciços, contrafeitos por encomenda ou imaginários de tão belos (eu imagino a beleza dos reais). Chamam beleza ao vaso da mulher, alguns dizem rude mas ninguém lhe nega a beleza. Falam da beleza de uma ou outra natureza. Falam da beleza em todas as coisas, por mais pequenas que sejam ou por exageradamente grande que possam ser.

Eu hoje vi uma beleza, está em baixo numa imagem. Hoje só quero pensar na beleza desta imagem.

Foto: © Bodhan Paczowski - Gombrowicz na sua secretária (Vence, 1965)

Eu não me entendo!

Hoje é domingo, domingo depois de sábado mas isso chega a ser lógico. Mas lógico, por vezes não percebo bem essa palavra, é certo que domingo bem depois de sábado mas porque dizer lógico? Provavelmente que a lógica do nosso senso comum nos diz que o domingo vem depois do sábado mas porquê chamar lógico a tantas outras coisas? Será apenas porque o senso comum as regula a todas? Eu acho que aos poucos vou perdendo o meu senso comum e toda a minha lógica se afunda. Coisas que sempre tomei como “lógicas” vejo-as agora como as mais incertas e nunca as percebo é certo. Mas o que pode estar a acontecer é que essas mesmas coisas que vou deixando de perceber não sejam lógicas ou apenas não sejam mais lógicas como chegaram a ser. A incerteza acaba por ser a única coisa lógica de que me lembro.
Hoje domingo, ontem tive festa, de despedida, lógico que os sentimentos foram de nostalgia, alguma tristeza, saudade já a chegar só de pensar nas pessoas que não mais vou ver ou o quanto poderá demorar até ver algumas destas pessoas. Mas aqui, uso a lógica em sentimentos e isso não posso fazer, deixei de acreditar na lógica do sentimento faz algum tempo, e vou perdendo cada vez mais a lógica dos meus sentimentos embora os tenha como certos. Certezas do que sinto sempre foi muito lógico para mim, lógica essa que perco quando vou pensando em sentimentos que não meus. Pensar nos sentimentos de outros deixou de ser coisa que possa fazer, pelo menos sem sentir a minha própria nostalgia.
Devo dizer que agora ou atravessado por flechas e flechas de coisas que me atravessam de uma maneira que acabam por magoar, pensamentos de sentimentos ou sentimentos de pensamentos que nem sequer me atrevo a tentar criar uma descrição já que só se isso fosse em perfeição teria lógica e eu a perfeição não consigo alcançar de certo nestas coisas da alma. É o fim do erasmus, são todas estas despedidas, tudo isso somado à vontade de encontrar Portugal, a saudade do meu canto lá naquele canto, depois, vem o medo do que quero encontrar, de como vou encontrar que sei certo não ser igual. Fico completamente petrificado, aterrorizado com o medo de voltar a Portugal e não encontrar o que sempre quero encontrar e o que desespero por não ter aqui, que foi o meu maior desespero de sempre.
Mas quem disse que seria fácil isto da alma? Sentir assim nunca sequer tinha imaginado ser estranhamente possível e eis que me vejo assim, doente mentalmente, viciado em sentimentos que não controlo e que desespero por não controlar.
Tudo isto é uma mistura estranha, que quero apenas resolver com o regresso ao Pais. Quero destruir-me por completo ou então voltar a sentir esperança que cada dia que passa a vou perdendo.
Mas quem disse que esta coisa da alma era fácil, provavelmente será mais fácil por ventura esquecer e deixar de pensar nisso. Vou até ali e já venho.

Como canta o Camané e compôs o José Luís Gordo:


Eu não me entendo!

Entrego a minha voz ao coração do vento
E quanto mais água dos meus olhos corre
Mais fogo acendo
Eu não me entendo
Eu não me entendo

E por ti já gastei o pensamento
Ai amor, ai amor, se o tempo
Já gastou, já gastou o nosso tempo
Eu não me entendo
Eu não me entendo

A primavera do meu tempo
Já gastei a primavera do meu tempo
Já fiz da boca jardins de vento
E não me entendo
E não me entendo
Eu não me entendo

A primeira das despedidas...

Sem fotos, que não as tenho, e essas mesmo não mostram tudo, ficam as minhas palavras apenas.
Que grande fim de semana tem sido este, que grandes e intensos momentos (sempre quis começar um texto a dizer – Que Grande – embora muitas coisas que tenham a ver comigo possam ser classificadas com este adjectivo nunca cocei um texto desta forma, acho que começo bem). Sexta – feira 13, essa mesma passada foi o dia do meu exame e para fazer jus à fama de tal afamada sexta – feira, foi de loucuras com azares è mistura. Passo aos momentos descritivos da mesma.
Exame pelas nove da matina depois de três maravilhosas horas de sono, não suficientes mas necessárias que pelas cinco já não conseguia ler mais termos de management. Exame das nove às onze e eis que me dirijo ao gabinete do professor Guenter, meu tutor do meu projecto.

By the way – por esta altura deveria já estar na Suíça e ter assim utilizado o meu bilhete de avião Liverpool – Basileia, e estar então no meio dos milhares de portugueses que fazem a festa do europeu português por terras Hélvicas. Na companhia do Michael que ele chegou a fazer a viagem, o Pascal e o Menk que por lá se encontram. Ao invés dessa mesmas situação continuo em Sheffield, a prolongar a despedida de um ano Erasmus. Não estou na Suíça, continuo no meu quarto, e isto porque o meu projecto teve um pequeno atraso nada calculado que me fez ficar por cá no mínimo mais uma semana para o tal projecto finalizar e assim Portugal encontrar num estado mais tranquilo. Começou bem este fim deste ano. A viagem de despedida a ir por água abaixo.

Continuando com o meu dia de sexta, encontro com o tutor, discutir mais um pouco os pormenores do tal vidro que de tão precioso leva prata no meio, catalogado como Biomaterial e esperançado como mais um dos muitos a fazer vezes de partes humanas, com o pequeno pormenor dessa mesma prata ajudar no extermínio de micróbios, não deixando que esses mesmo cresçam em redor do tal vidro que quase se caracteriza como cerâmico. Eu envolvido em ciências biomédicas mais do que sempre quis pois o meu envolvimento nessas áreas sempre foi o perfeito e exacto para mim, acabando por ir diminuindo, daí talvez eu impor a mim próprio um novo envolvimento, que diferente e não aquele que quero mas que não deixa de ser um envolvimento. Tudo serve para manter esperanças em activo.
O tal encontro, acabado com visitas a microscópios de altas definições, com altas qualidades de análise qualitativa e vistas mais profundas do que eu próprio me atrevo a tentar ver na vida, é mais auxilio no tal projecto.
Rumo a casa, a hora era de almoço, o corpo não estava em perfeitas condições se essas mesmo existem ou mesmo se eu alguma vez as tive. Uma boa refeição à base de hidrocarbonetos sempre ajuda, um café levanta a moral e o cigarro levanta o espírito. Banho tomado, corpo quase recuperado, cheiro a perfume e cabelo no ar que a minha recusa a produtos sebosos não me permite um cabelo perfeitamente alinhado e eis que um autocarro tomado depois do mesmo comprimido que me esconde os círculos vermelhos dessa puta chamada de urticária crónica, comichosa e incómoda. Opal two­, as residências de encontro com o Michael, companheiro de noites, dias e aventuras num ano em que estas se multiplicaram com factores elevados não a raízes mas antes a quadrados, cúbicos e demais factores de multiplicação.
Com ele encontrei mais alguns, a preparam-se para as residências deixar e o pensamento ficar nessas mesmas residências, pelo menos até ao recobro total das almas deixadas num ano inglês. Eram italianos na sua maioria, nervosos pelo jogo que se aproximava, mais nervosos pelo resultado obrigatório e mais nervosos devem ter ficado pelo resultado não conseguido.
O destino depois do primeiro eram outras mesmas residências, preenchidas por praticamente apenas internacionais que tocavam os quatro cantos do mundo, que nunca teve cantos mas sempre teve sítios em canto. O objectivo passava por um churrasco que já não se podia chamar disso porque a chuva apagava a esperança transformada em fogueira. Acabou por ser dois a três toques de bola, fosse ela redonda ou oval, pequena ou grande. De futebol a voleibol, houve de tudo, de fogo a papa de carvão houve tentativas de churrasco, de breve a sol a torrencial chuva houve trocas de sítios. Primeiro no jardim, depois em frente a uma televisão a ver Holanda versus França, com alegrias e tristezas. Aconteceram dedicatórias, em camisolas bandeiras e bolas, em palavras apenas mas muitas mais nas lágrimas corridas por rostos de amigos que foram tudo durante um ano. O vinho do porto regava-me a mim e a um certo ucraniano, que quando acabado foi substituído por cerveja, que quando acabada foi tempo de partir.
Os destinos nocturnos seriam por força do destino (a minha força foi mesmo monetária) terrivelmente diferente, tendo sido compostos dois grupos, uns com destinos universitários e bares e clubes de tal característica e o outro mesmo na mesma com bares e clubes abstendo-se da parte universitária. Este mesmo último foi o meu, com paragem para compras de mais Porto em forma de vinho e pão em forma de cerveja. O jantar esse foi em casa do tal ucraniano de nome Ivan, amigo do princípio. Fui eu, foi ele, foi um nigeriano, e um indiano. Quatro nacionalidades completamente diferentes, quatro cores ainda mais distintas e acima de tudo, quatro amigos, internacionais, numa tertúlia que durou para lá das horas da janta, começou tipsy e acabou completamente embriagada. Uma mais companhia de terras Sauditas juntou-se para a sobremesa, que veio directamente do México e em forma de garrafa para ser acompanhada com limão e sal. Não era doce mas foi sobremesa, não se comia mas encheu espíritos, bebia-se sobre a forma de brindes e histórias que o passado rezou na forma de momentos inesquecíveis. O acompanhamento foi uma Itália humilhada por uma pequena Roménia com umas risadas de alegria, outras de Saudade que já chegou para não mais sair e uns bifes incomodados pela nossa alegria que era tristeza e desincorporados desse incómodo com a oferta de alguma sobremesa. Mais uns dos muitos em que os nomes não ficaram registados, as caras o mesmo e o momento marcado como mais um dos melhores que é isto a que se chama programa Erasmus que não é mais do que um programada de vida transformada em crescimento a que alguns chamam alma e eu chamo racionalismo de que aquilo que sei é feito daqueles que me fazem.
O jogo acabou, azuis choraram mas não desesperaram e nós, nós fomos ali a um bar, daqueles que marcam um ano e em que não se esquece o cheiro, o indiano ficou em casa que constou era casado e pai de filhos, em esforços para melhorias de vida que são aqueles de estudar longe de tudo para tudo melhorar. Fomos nós, ao encontro de outros que eram franceses e também esses amargurados por aquilo que foi o momento das cinco da tarde que não foi chã mas sim desgosto. Eu passei da sobremesa para o espírito em bebida, preta assim rotulada, tempos de espera antes de lhe meter a boca que te faz a alma preta mas sem tristeza e te dá um bigode que te faz homem. Nascida em Dublin da Irlanda, foi o meu espírito bebido naquela noite. Com uma delas a ser terrivelmente raptada pelo cabeça rapada do ucraniano que aproveitando um momento de distracção entre uma passa de fumo e dois dedos de conversa fez minha a dele.
A noite já espreitava em luz, a minha já tinha começado fazia horas, as lembranças a partir daqui começam a ser escassas que o corpo não dá para tudo. O caminho fazia-se na direcção da música em altos berros com corpos tresmalhados em movimentos que por vezes são apelidados de dança e em que eu lhes chamo o despertar de tudo e a libertação das forças.
A noite faz-se tardia, matinal quase quando tudo acaba e eis que na saída desse tal clube, eu sem saber como ou o porquê de tal acontecimento me vejo no meio de demonstrações de poderia de força, em que o Homem se transforma em besta no alcanço da glória física a que segundo me consta lhe chamam Luta. A luta foi breve, o balanço não muito grave. Dois socos na cara, um dos quais me deixou a bochecha esquerda maior do que a direita e um corte no lábio. A minha inteligência foi tal que sozinho no meio de alguns não sabendo eu os quanto respondi com outros murros acertados em alguém ou não e uns pontapés de direito e em defesa da minha honra. Por minha sorte chegou a policia que os ânimos acalmou pois senão o resultado poderia ter sido com umas pequenas férias de fim de ano no hospital. Ficou por aí comigo a desesperar comigo mesmo por tal merda de acontecimento, o primeiro na minha vida e que espero ficar por ai.
O resto foi o caminho até casa a cuspir sangue e a caminhar sem direcções únicas.
Foi a primeira das noites de despedida Erasmus, vou-me agora que hoje tenho outra como ontem tive uma. Ficam as descrições de tais noites em alegrias e tristezas e alegrias igualadas da primeira mas com menos violência, ficam para depois. As fotos espero por elas que eu não as posso tirar pela desafortunada sorte da minha ex-máquina fotográfica.
As despedias são assim, tanto de alegria como de tristeza, é um sentimento que ainda não compreendi, não aceitei de certo também. É vazio, não sei se chega a ser sentimento, um ano de amigos que são tudo a toda a hora e agora puf, todos se vão. E o vazio fica. É a vontade de abraçar, com força e não querer largar.
Afinal nem só nós portugueses padecem do Fado, todos os outros que não nascidos debaixo das vinhas à beira mar padecem do mesmo Fado, apenas não conhecem a letra.
Tudo isto é triste, tudo isto é Fado como se canta. Que o Fado não só triste mas feito de todos os sentimentos que agora mesmo vou sentindo.
Vou-me que a hora se faz adiantada e não quero estar atrasado para dizer à malta o que é afinal o Fado.