Hoje fizeram-me várias perguntas, o meu desejo seria poder responde-las a todas pessoalmente, cara a cara e com palavras. Gosto das palavras escritas, impessoais mas tornadas tão pessoas mas desta vez, como de outras muitas vezes gostaria de usar as palavras mais pessoais possíveis, sem tempos para pensamentos, sem tempo para escolhas de letras, apenas deixar fluir o que me viesse à boca, quase se passar pela cabeça. Tal não é possível, pelo menos por agora. Como tal decido recorrer às palavras escritas para responder às tais perguntas feitas por uma tal pessoa.
Perguntaram-me se hoje, dia vinte e nove de Maio a uns dezassete dias da minha derradeira despedida, se a noite era de filosofias. A única resposta possível que eu poderia dar, seria que sim, que todas as noites são feitas de filosofia, os dias igual. Que a filosofia não é nada mais a própria realidade e a realidade são todos os minutos, que todos os minutos são de filosofias, por mais disparatadas que sejam, por mais profundas, por mais reflexões destas mesmas filosofias. Tudo o que é real, tudo o que é palpável é filosófico, tudo o que nos envolve é filosófico, as pessoas por consequente são elas mesmas de uma imensa filosofia. Basta que pensemos sobre isso, basta que pensemos na realidade para que esta se torne numa filosofia. E não existe dia que passe em que eu não deixe de pensar sobre isso.
Perguntaram-me hoje, pelas onze e meia da noite, que noite se faz, que adoro a noite por tudo aquilo que esconde mas mais por tudo aquilo que revela o que eu penso. Poderia filosofar mais, mas a resposta anterior responde igualmente a esta resposta. Penso na realidade nua e crua, transformada em filosóficas ideias quando pensada. Penso no ontem, no hoje e no amanhã, não chego a conclusões mas sim a objectivos. Filosofia diria eu.
Perguntaram-me hoje dia vinte e nove do mês de Maio que celebra os quarenta anos do Maio de 68, Maio de revoluções e mudanças revolucionárias, Mártir Luter King é assassinado, J. F. Kennedy é assassinado, a França passa pela revolução estudantil, o General Humberto Delgado, mais conhecido como general sem medo começa aquilo que foi a inspiração da nossa revolução de Abril que viria a acontecer passados seis anos e um mês deste Maio. Pouco tempo para que Salazar caia da cadeira e com ele o fim certo da ditadura que ditou os nossos destinos por tantos anos. Quarenta anos de história e tantas mudanças e perguntam-me o que penso. Por esses quarenta anos de história agradeço o poder pensar livremente, por isso mesmo penso em tudo o que me vem à cabeça, sem recusar um sequer pensamento, sem medo de pensar, e a pensar que não posso ter medo de agir, penso no trabalho que se vai fazendo, penso a diversão depois do trabalho que se aproxima, penso no que tenho que fazer para que tudo o que penso possa acontecer depois deste maldito trabalho. Porque resumir o que penso a uma só coisa se nunca penso em uma só coisa. Penso em tudo e mais alguma coisa, penso que se penso, logo existo e por isso mesmo não deixo de pensar.
Perguntaram-me hoje, quinta-feira, a última antes da segunda que vem, segunda essa com data marcada de primeiro encontro com exames, segunda essa de primeiro teste se estou de verdade consciente do que quero fazer e se vou ter tomates suficientes para o fazer, teste da vontade própria. Perguntaram-me então se fujo ao estudo, e a resposta neste momento é que sim, que escrevo isto ao invés de escrever as propriedades de um piezoeléctrico. Fujo agora que não fugi a tarde inteira, que hoje foi dia que rendeu, que hoje compensei o dia de ontem que não rendeu.
Hoje, neste fim de mês de Maio perguntara-me se me distraio simplesmente e que a minha resposta é que sim, que distraio-me em demasia, que basta uma pequena lembrança para logo a mente divagar por Venezas, reais ou little ones. Que a mente viaja logo por todos os destinos que queria voltar estar a repetir, que todos os meus sentidos, todos sem excepção, tacto, visão, olfacto, paladar e audição, se distraem logo ao mínimo pensamento para assim viajarem por recantos inauditos de que tanto sinto saudade, sodade em crioulo. Que só o facto de pensar na palavra crioulo, me faz pensar em certas raízes que levam logo a pensamentos ainda mais intensos, e os cheiros mais intensos, e o sabor do toque quase real que me faz desesperar por não ser real. Distraio-me à mais pequena coisa que se torna enorme e que fica petrificado com tamanha distracção.
Perguntaram-me à pouco se viajo simplesmente, para algum lugar ou algum tempo e todas estas palavras não são mais do que viagens no tempo para um certo lugar, que por vezes mistura tempos e lugares diferentes mas que não deixam de ser pequenas viagens de pensamento. Viajo até ao passado, longínquo e menos longínquo, viajo até aos lugares que me construíram e me constroem quando penso neles, viajo até aqueles lugares escondidos nas mulheres, viajo de tal maneira que quase consigo um orgasmo involuntário, viajo até aos lugares da Naia, de Mirões, de Mato D’arca, de Fajões e São João, Milheirós incluído que não lugares mas sítios que me faço viajar sem limite de tempo. Que o tempo não é limite, que o limite serve apenas como ponto de apoio, bengala das lembranças, que o tempo é um todo e um só, sem divisões mas sim bengalas. Sim, viajo muito, viajo quase até sentir o queria sentir neste momento, não no sentido de sentir de sentimento mas no sentido de sentir contacto, como adoro viajar.
Por fim perguntaram-se se saudade ou ansiedade e aqui que tudo descamba, aqui que a resposta é difícil, a tocar o impossível. Que saudade sempre, eu mesmo sou uma só saudade de tudo aquilo que sou, de tudo aquilo que me faz, saudade, claro e ainda bem que esta palavra para nós existe, muita saudade, não encontraria outras palavras para o dizer, por isso mesmo saudade, muita. Depois, como quem vem espicaçar, quem vem contrariar todas as minhas certezas e criar todas as minhas incertezas vem a ansiedade, ansiedade que será saudade depois de deixar esta pequena terra no meio da ilha da Rainha, Rainha chuva que nunca conheci outra. Ansiedade em deixar e acabar com uma saudade, ansiedade filha da puta esta que apaga uma saudade para logo a seguir criar outra, friamente e sem remorsos, que me diz assim mesmo e amargamente que a Saudade sou eu todo, que sem Saudade não sou ninguém senão um corpo sobrevivente e sem sentidos, que sem saudade nunca serei ninguém. Assim que a aceito e assim que não deixo de ser um corpo sobrevivente, mas com saudade para saber que sobrevivo.
Perguntaram-me isto tudo e eu sem poder responder a nada, perguntaram-me isto tudo e eu sem poder perguntar de volta, com estas e muitas outras perguntas, perguntaram-me isto tudo e eu a apenas querer uma palavra, perguntaram-me. E eu daqui pergunta de volta, enquanto espero pela tal palavra.
A vida é filha da puta, como eu Amo a puta da minha vida!
Perguntaram-me se hoje, dia vinte e nove de Maio a uns dezassete dias da minha derradeira despedida, se a noite era de filosofias. A única resposta possível que eu poderia dar, seria que sim, que todas as noites são feitas de filosofia, os dias igual. Que a filosofia não é nada mais a própria realidade e a realidade são todos os minutos, que todos os minutos são de filosofias, por mais disparatadas que sejam, por mais profundas, por mais reflexões destas mesmas filosofias. Tudo o que é real, tudo o que é palpável é filosófico, tudo o que nos envolve é filosófico, as pessoas por consequente são elas mesmas de uma imensa filosofia. Basta que pensemos sobre isso, basta que pensemos na realidade para que esta se torne numa filosofia. E não existe dia que passe em que eu não deixe de pensar sobre isso.
Perguntaram-me hoje, pelas onze e meia da noite, que noite se faz, que adoro a noite por tudo aquilo que esconde mas mais por tudo aquilo que revela o que eu penso. Poderia filosofar mais, mas a resposta anterior responde igualmente a esta resposta. Penso na realidade nua e crua, transformada em filosóficas ideias quando pensada. Penso no ontem, no hoje e no amanhã, não chego a conclusões mas sim a objectivos. Filosofia diria eu.
Perguntaram-me hoje dia vinte e nove do mês de Maio que celebra os quarenta anos do Maio de 68, Maio de revoluções e mudanças revolucionárias, Mártir Luter King é assassinado, J. F. Kennedy é assassinado, a França passa pela revolução estudantil, o General Humberto Delgado, mais conhecido como general sem medo começa aquilo que foi a inspiração da nossa revolução de Abril que viria a acontecer passados seis anos e um mês deste Maio. Pouco tempo para que Salazar caia da cadeira e com ele o fim certo da ditadura que ditou os nossos destinos por tantos anos. Quarenta anos de história e tantas mudanças e perguntam-me o que penso. Por esses quarenta anos de história agradeço o poder pensar livremente, por isso mesmo penso em tudo o que me vem à cabeça, sem recusar um sequer pensamento, sem medo de pensar, e a pensar que não posso ter medo de agir, penso no trabalho que se vai fazendo, penso a diversão depois do trabalho que se aproxima, penso no que tenho que fazer para que tudo o que penso possa acontecer depois deste maldito trabalho. Porque resumir o que penso a uma só coisa se nunca penso em uma só coisa. Penso em tudo e mais alguma coisa, penso que se penso, logo existo e por isso mesmo não deixo de pensar.
Perguntaram-me hoje, quinta-feira, a última antes da segunda que vem, segunda essa com data marcada de primeiro encontro com exames, segunda essa de primeiro teste se estou de verdade consciente do que quero fazer e se vou ter tomates suficientes para o fazer, teste da vontade própria. Perguntaram-me então se fujo ao estudo, e a resposta neste momento é que sim, que escrevo isto ao invés de escrever as propriedades de um piezoeléctrico. Fujo agora que não fugi a tarde inteira, que hoje foi dia que rendeu, que hoje compensei o dia de ontem que não rendeu.
Hoje, neste fim de mês de Maio perguntara-me se me distraio simplesmente e que a minha resposta é que sim, que distraio-me em demasia, que basta uma pequena lembrança para logo a mente divagar por Venezas, reais ou little ones. Que a mente viaja logo por todos os destinos que queria voltar estar a repetir, que todos os meus sentidos, todos sem excepção, tacto, visão, olfacto, paladar e audição, se distraem logo ao mínimo pensamento para assim viajarem por recantos inauditos de que tanto sinto saudade, sodade em crioulo. Que só o facto de pensar na palavra crioulo, me faz pensar em certas raízes que levam logo a pensamentos ainda mais intensos, e os cheiros mais intensos, e o sabor do toque quase real que me faz desesperar por não ser real. Distraio-me à mais pequena coisa que se torna enorme e que fica petrificado com tamanha distracção.
Perguntaram-me à pouco se viajo simplesmente, para algum lugar ou algum tempo e todas estas palavras não são mais do que viagens no tempo para um certo lugar, que por vezes mistura tempos e lugares diferentes mas que não deixam de ser pequenas viagens de pensamento. Viajo até ao passado, longínquo e menos longínquo, viajo até aos lugares que me construíram e me constroem quando penso neles, viajo até aqueles lugares escondidos nas mulheres, viajo de tal maneira que quase consigo um orgasmo involuntário, viajo até aos lugares da Naia, de Mirões, de Mato D’arca, de Fajões e São João, Milheirós incluído que não lugares mas sítios que me faço viajar sem limite de tempo. Que o tempo não é limite, que o limite serve apenas como ponto de apoio, bengala das lembranças, que o tempo é um todo e um só, sem divisões mas sim bengalas. Sim, viajo muito, viajo quase até sentir o queria sentir neste momento, não no sentido de sentir de sentimento mas no sentido de sentir contacto, como adoro viajar.
Por fim perguntaram-se se saudade ou ansiedade e aqui que tudo descamba, aqui que a resposta é difícil, a tocar o impossível. Que saudade sempre, eu mesmo sou uma só saudade de tudo aquilo que sou, de tudo aquilo que me faz, saudade, claro e ainda bem que esta palavra para nós existe, muita saudade, não encontraria outras palavras para o dizer, por isso mesmo saudade, muita. Depois, como quem vem espicaçar, quem vem contrariar todas as minhas certezas e criar todas as minhas incertezas vem a ansiedade, ansiedade que será saudade depois de deixar esta pequena terra no meio da ilha da Rainha, Rainha chuva que nunca conheci outra. Ansiedade em deixar e acabar com uma saudade, ansiedade filha da puta esta que apaga uma saudade para logo a seguir criar outra, friamente e sem remorsos, que me diz assim mesmo e amargamente que a Saudade sou eu todo, que sem Saudade não sou ninguém senão um corpo sobrevivente e sem sentidos, que sem saudade nunca serei ninguém. Assim que a aceito e assim que não deixo de ser um corpo sobrevivente, mas com saudade para saber que sobrevivo.
Perguntaram-me isto tudo e eu sem poder responder a nada, perguntaram-me isto tudo e eu sem poder perguntar de volta, com estas e muitas outras perguntas, perguntaram-me isto tudo e eu a apenas querer uma palavra, perguntaram-me. E eu daqui pergunta de volta, enquanto espero pela tal palavra.
A vida é filha da puta, como eu Amo a puta da minha vida!
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