Monday, 26 May 2008

Into The Wild

A viagem que sonho
Aquela em que desespero por não chegar
Que o tempo parece parar
Sem retorno do que passei
Sem futuro do que quero ver
A ida que anseio, sem ver
Sem vir, sem sequer se fazer ansiar
Um sonho que quero realizar.

A caminhada por um objectivo
De uma vida finalmente alcançada.
Esta mais do que todas, a real
As minhas verdadeiras lentes
As que me fazem ver
A mente, escondida por detrás
De realidades escondidas por trás de outras
Mentirosas.

Um Sul sonhado, desejado
E por alcançar
E ganho noção do que é A Viagem
Ganho noção das palavras
Dos desejos
Das certezas por vir
Que vou deixar vir, sem recuar
Sem medos ou extravagâncias
Simples e simplesmente deixar vir
Para chegado o momento
Ir.

A meta está definida
Num mundo para além do meu, de azuis
O prazo determinado
Num tempo que não controlo mas que vou amarrar
A rota traçada
Num caminho desconhecido
A companhia encontrada
Na minha pessoa
Falta o momento chegar
Que ele não tarde
Que assim, eu pronto que estou
Irei

Desculpem-me todos os outros que são vós, que não vos deixo para trás, que serão a minha companhia, mas o medo não existe mais, que se existir ele que venha pois eu e ele seremos dois e um só em que no fim de contas serei eu mesmo, fiel a mim mesmo e ao meu passado que me constrói pedra sobre pedra. Serei eu vestido de outro por uns tempos mas o regresso está garantido de outra pessoa que não eu a vestir-me a mim mesmo. Será um culminar de tudo o que faz sentido na minha existência. Que será uma fuga das lágrimas que não quero derramar se cá ficar. Será uma fuga da dura realidade que é isto tudo. Perdoem-me se o egoísmo é maior do que eu mesmo e eu mesmo não o queira controlar. Que quero ser muito egoísta desta vez, para que finalmente alguma coisa faça sentido que tudo sempre fez demasiado sentido. Hora da irracionalidade total. Desculpem-me mas a hora chega e eu não a quero perder. Eu traço o meu destino, mais ninguém se ousou a fazê-lo que eu mesmo não o deixei.


Demasiadas coisas me fazem sentir assim, mas só de uma fujo. Fujo da felicidade que sempre tive e que não quero pensar sequer em perder. Por isso longe quero estar quando isso acontecer.
Acaba-se uma fase da minha vida. A nostalgia é inevitável, a tristeza impossível de combater. Um ano, o meu primeiro longe de tudo aquilo que sou e a certeza de o ano ter sido sem dúvida uma mais valia para mim próprio. Uma perda, muitos ganhos, as pessoas, as cores, os sabores, os cheiros e as vistas que ganhei. As conversas no meio de fumos de nicotina, regadas com o néctar da vida. Distorcidas em sentidos e enroladas nas palavras que jorravam como mijo de intervalos. Estranha comparação que só tem sentido se for pensada em quantidades. Vou aprendendo mais com os outros que comigo, que eu sozinho não aprendo, apenas sobrevivo. Os outros ensinam-me, vão-me ensinando. E estas palavras que são as primeiras de uma despedida misturam-se com a felicidade de uma partida. A certeza deixou de ser certeza, as certezas são coisas que não existem. Existem decisões, existem sonhos, existem actos depois dos sonhos. As certezas são as maiores mentiras que alguma vez possam ter sido inventadas. Sou eu o Gil, vou ser eu o Gil, vou ser o Supertramp. Quero ser o Supertramp, quero fugir das coisas que não me fazem sentir bem. Pena minha, castigo meu que tenha que fazer isso ao fugir de todas aquelas que me fazem sentir melhor. Pena que tenha de fugir de tudo o que sou para ser uma pessoa que não existe e que vai ter uma curta existência. Pena que para construir-me a mim mesmo tenha que descambar a vida durante um certo tempo. Pena que tenha de deixar para trás tudo o que mais adoro. Tudo isto para um bem comum – O Regresso, que esse será cheio de vida e conhecimento. Que o valor das pequenas coisas que sei agora um pouco ganhar-lhe o gosto, sei saber as coisas realmente importantes, sei saber um pouco do mistério. Que não todo senão não precisaria de partir novamente para um mundo onde eu não existo. O regresso será em breve, serão as férias para a verdadeira acção mais importante de toda uma vida – A minha construção, o choque de ser não eu mas outro que irá.
Isto é uma promessa, por mais tempo que leve a cumprir. Tempo esse que espero breve.
Agora, resta-me gozar os últimos tempos do primeiro ano do caminho. Já comecei a aprender o significado das coisas, resta-me acabar a aprendizagem das coisas para depois então poder viver com a certeza de saber o que são as coisas importantes da vida. Serei sozinho nisso que o futuro parece não me reservar companhia para partilhar este conhecimento. Será então a minha luta, partilhar o meu conhecimento das coisas. Que por agora é vago, sem sentido ainda, palavras que ainda não são frases. Depois sim, serei um pastor no meio de ovelhas, a ordená-las. Um mago a fazer magia, uma Profeta sem profecias mas certezas e baseado no passado e não no futuro.
Que mais bonito futuro se pode sonhar?
Vou dormir para parar de sonhar. Vou acordar na realidade de um objectivo – Cumprir o sonho.
Antes dele, ainda há trabalho a fazer.

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