Tuesday, 27 May 2008

Knocking on heavens door

Knockin' on Heaven's Door
Guns N' Roses
Composição: Bob Dylan
Mama take this badge from me
I can't use it anymore
It's getting dark too dark to see
Feels like i'm knockin' on heaven's door

Knock-knock-knockin' on heaven's door
Knock-knock-knockin' on heaven's door
Knock-knock-knockin' on heaven's door
Knock-knock-knockin' on heaven's door

Mama put my guns in the ground
I can't shoot them anymore
That cold black cloud is comin' down
Feels like i'm knockin' on heaven's door

Knock-knock-knockin' on heaven's door
Knock-knock-knockin' on heaven's door
Knock-knock-knockin' on heaven's door
Knock-knock-knockin' on heaven's door

"you just better start sniffin' your own
Rank subjugation jack 'cause it's just
You against your tattered libido, the bank
And the mortician, forever man and it
Wouldn't be luck if you could get out of
Life alive"

Knock-knock-knockin' on heaven's door



A música de hoje é uma das minhas favoritas, com certeza conhecem e senão conhecem “Shame on you”.
A altura de exames ainda não começou oficialmente, mas já acabaram as aulas, por isso automaticamente começou a época de exames sem começar. Por isso mesmo, preparem-se para o constante bombeamento de crónicas (se isso posso sequer chamar) desabafos e afins. Em tempo de exames as pausas são feitas com os livros à frente e a cabeça nos confins do universo. Logo as ideias vão-se acumulando até transbordar no fim do dia, ao som de qualquer música que consiga tira-los cá para fora e acreditem que isso não é nada fácil mesmo. Eu próprio sou um transbordar de coisas, transbordo cheiros quando o pouco que faço se transforma em nada, tudo cheira em mim. Adoro os cheiros, todos eles, sendo eles naturais. Os artificiais gosto sim. De alguns, que outros deixam-me náuseas de vomito, um enjoo que não matinal mas sim encrostado em tudo. Os naturais, quão belos se tornam quanto mais intensos ficam. Por vezes o banho que tanto aprecio é doloroso, ao retirar-me os cheiros, gosto do meu cheiro e pronto.
Transbordo sentimentos, contrários, gémeos, irmãos e amigos tornados em inimigos quando se sentem mais em profundo. Recuso a ideia do inconsciente já que eu próprio mesmo sou consciente de tudo. Da merda que faço, da merda que queria e gostava de fazer, sou consciente das merdas que devia fazer. Sou consciente das merdas que desperdiço, sou consciente de tudo isso e mais alguma coisa. Sou consciente naquilo que não queria ser em que eu serei eu e outra será outra e pronto, é isso. A esperança, essa conscientemente quero deixá-la de fora para não se tornar em desespero. O que interessa mais senão eu próprio e os meus? O que é a vida senão um grupo de pessoas com vícios e prazeres? As responsabilidades, conscientemente classifico-as como principais a seguir aos vícios e prazeres, pois responsabilidades são as causadoras dos vícios e prazeres. Não todas e por isso mesmo quero abdicar delas por um determinado período de tempo para que então os vícios e prazeres deixem de se tornar num capricho meu para se tornar no meu guia.
Quero bater e bater nas portas do céu, quando ainda estou vivo que depois elas não existem. Só agora mesmo poderei fazê-lo.
Considero-me um pensador, não o sei descrever, sei que sou um pensador realista, sou um pensador optimista, sou um pensador insatisfeito no que os pensamentos guias das minhas passadas me reservam. Considero-me uma pessoa cheia de sorte, descobri muitas das coisas boas da vida. Descobri as principais, faltam-me só a mim mesmo descobrir. Depois talvez possa descobrir e a última coisa do conjunto será aquela que desejo.
Sou um pensador sem nexo nem sentido, sou um pensador só por mim compreendido e seguido, sou um pensador a pensar nos destinos da humanidade. Eu sou a humanidade, pelo menos a minha. Sou um pensador que pensa. Não sou poeta, não sou escritor, não sou músico nem artista, não tenho arte nem engenho para criar alguma coisa agradável à mente senão a minha. Sou um incompreensível no meio d’outrens que me compreendem mas não me sabem. Sou um pensador enamorado demasiado pela vida para deixa-la passar por mim.

Os meus pais no meu livro de finalista do secundário escreveram uma frase:

“Ao Gil, que ele passe pela vida e que não deixe a vida passar por ele”

Foi a frase mais bonita que alguma vez li. Se um dia tiver filhos, vou escrever esta frase nos seus livros de finalistas de secundário.
Que outra coisa mais bonita poderiam eles ter dito? Sou um pensador que nunca mais deixou de pensar na frase. Marca, carimba, chumba a ferro que não ferro mas chumbo e fogo tudo. Tu és o que fazes, tu és o que dizes, tu és o que pensas, tu és o que percorres. Todos somos aquilo que nós próprios pensamos de nós. Se nos pensamos feios, somos feios. Não para os outros que para os outros podes ser tudo menos feio, mas para ti que és o único que tem o direito de saber o que tu próprio és. Tu dizes o que és, mais ninguém. Depois vêm as pessoas da tua vida, que essas sim podem contigo construir aquilo que és. Que elas isso fazem. Que és a tua identidade, mas nunca te esqueças que essa tua identidade não foi construída por ti, é tua mas não veio de ti mas sim dos outros.
Eu sou lindo, eu sou bonito, eu sou um merdas mas não deixo de ser eu, não deixo de gostar de mim.
Eu sou um pensador que pensa que nunca vai esquecer a sua identidade, sou um pensador que acima de tudo não vai esquecer quem escreveu a sua identidade.
Sou um pensador com medo, tenho medo de perder um pouco da minha identidade quando a alargar e procurar que mais me construam um pouco a minha. Egoísta seria eu senão deixasse que isso acontece-se, que não só a minha identidade está na mesa verde do jogo. Que eu terei que continuar a construir a minha. Que outros terão que construir as suas, que eu terei e irei deixar que isso aconteça. Que tenho medo que seja o fim de uma parte da minha identidade.
Sou um pensador com medo, tenho medo da árvore que impede por determinado período de tempo a continuação da construção de uma parte da minha identidade. Depois disso, depois disso não sei. Por tudo isso:

- Sou um pensador com medo de a minha construção seja dolorosa.

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